Vamos falar do VAR?

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O ano de 2019 começou quente para a arbitragem brasileira e promete ficar ainda mais por conta da implantação do VAR nos estaduais e no Brasileirão da Serie A. Não é a primeira vez que o recurso é utilizado aqui no Brasil. Foi usado na Copa do Brasil de 2018 e na final do Pernambucano 2017. Em ambas as ocasiões tiveram polemicas. Na Copa do Brasil as mais marcantes foram na semifinal Palmeiras x Cruzeiro e na Final Corinthians x Cruzeiro. Já em Pernambuco, ficou marcado o VAR com um ângulo totalmente inapropriado que anulou um gol do Salgueiro contra o Sport.

Na Europa e na FIFA, o VAR já é usado pelo menos desde o final de 2016 e com muito sucesso e menos polêmicas que no Brasil. A reflexão que iremos fazer aqui é a seguinte: Porque lá dá tão certo e aqui parece dar errado? Tenho algumas teorias e irei explica-las à vocês.

A primeira, que eu acho a mais evidente de todas se diz a questão da qualidade dos árbitros e seus treinamentos. Sabemos que a crise na arbitragem brasileira é enorme. De 2010 para cá, temos tido árbitros com uma qualidade ruim desde a sua formação. E quando o cara é ruim, não adianta dar o melhor equipamento para ele. Vai continuar sendo ruim. Então se o juiz, no campo, já tem dificuldades de interpretar corretamente se uma carga foi faltosa, se a bola bateu na mão intencionalmente ou não, imagina com o vídeo (que nós que trabalhamos com isso sabemos, que uma imagem repetida continuamente pode mudar sua percepção da situação).

Bem, mas temos árbitros bons. Aí entra a questão do treinamento deles. Na Itália, quando se decidiu usar o VAR, passaram 1 ano treinando nas partidas, o famoso OFFLINE, ou seja, acontecia o lance, o juiz de vídeo revisava, mas não informava para o campo. O desempenho era apenas avaliado internamente e aprimorado para quando começasse a valer. Só que aqui no Brasil, isso não ocorreu. O Brasileirão decidiu pelo seu VAR em fevereiro para valer a partir de Abril. Cadê o tempo de treino, capacitação e preparação dos árbitros? O mesmo aconteceu no Paulista (aprovado em outubro para aplicação em março). Então esse é um dos motivos que a gente vê árbitros demorando de 3 a 5 minutos para revisar uma jogada. A Federação acha que um curso de 1 semana já é o suficiente.

O segundo detalhe diz respeito a custo e valores. Sabemos que equipamentos assim não são baratos. Aí que pinta o problema aqui: todos querem a justiça do VAR, mas ninguém quer pagar por ele. Por isso, temos visto problemas com imagens de qualidade ruim, ângulos inapropriados e poucas câmeras. Todos querem gastar o mínimo possível. Assim, você terá um serviço tecnicamente mais fraco. Outro detalhe é que eles querem economizar e montam uma central de VAR para cada jogo dentro do estádio. Já FIFA e outros campeonatos (como a NBA e a NFL que usam revisão por vídeo) ganham nesse quesito utilizando uma central única. Fica meio complicado entender porque no Brasil é diferente.

Por fim, o ponto que mais me intriga que só acontece no Brasil. Lá fora, quando o VAR é acionado, o replay do lance é transmitido para o telespectador sem nenhum corte, inclusive mostrando até a imagem que o juiz está revendo para tomar sua decisão. Agora, só no Brasil tem a frescura de que o protocolo não permite exibir o replay. Então, em todo lance de VAR é a mesma coisa: mostra o juiz com a mão no fone ouvindo o VAR e o replay só depois que o juiz decidir algo. Isso, dá duas impressões. A primeira é que sem um “entretenimento” para o telespectador (no caso do replay), dá a impressão de que o VAR é demorado, por mais que o tempo seja o mesmo da Europa. A segunda é que, mesmo com o VAR usando a edição independente da TV, de ser proibida interferência externa, há a possibilidade de a opinião da TV influenciar na decisão do juiz. Pode isso, Arnaldo?

E para terminar, o último motivo já é mais cultural e fica por conta da má educação esportiva de técnicos e jogadores, que acham que pressão em cima da arbitragem resolve tudo e por isso, tornam cada interferência de VAR uma verdadeira guerra.

Soluções para isso tem. Na verdade a principal é fazer igual na Europa: treinar e capacitar os árbitros sempre e não de antemão, deixar de ser pão duro e investir o que for necessário para ter a melhor tecnologia e parar com essa de a TV não pode mostrar. Tem que se trabalhar em conjunto, pois o sucesso de um favorece o outro e vice-versa.

Sobre o VAR em geral, eu vejo que no futuro, a FIFA e aas federações serão obrigadas a criar a função específica, ou seja, assim como o juiz é só juiz, o bandeira é só bandeira, o VAR vai ser só VAR. E por não ter o desgaste físico, olha que legal, as federações poderão aproveitar os árbitros que se aposentaram. Olha como seria interessante um Arnaldo Cézar Coelho de VAR, um Simon, pessoas que entendem um pouco mais dessa tecnologia da TV.

E você, o que acha do VAR. Tá achando que tá dando certo ou errado? Deixe a sua opinião aqui para nós.

Luis Ventura

Autor

Formado em Jornalismo pela Universidade Nove de Julho e em Comunicação Visual na ETEC Carapicuíba e futuramente em Processos Multímidias. Apaixonado por esportes, é locutor esportivo nas horas vagas e compartilha sua emoção transmitida nas narrações através do +MaisEsporte.

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